quarta-feira, 20 de maio de 2009

Feminismo: o que você tem com isso?

‘Feminismo’. Para as jovens ocidentais, essa palavra é praticamente um palavrão. Sinônimo de mulher feia e criadora de caso. O movimento que privou as mulheres de sua confortável vida de contas pagas e cavalheirismos e condenou-as a jornada tripla, afinal elas querem trabalhar, mas ainda têm que cuidar da casa e dos filhos. Simone de Beauvoir se revira no túmulo.


Igualdade, livre arbítrio; conceitos antigos já. Não é possível que ainda estão batendo na mesma tecla! Todo mundo aqui sabe que homens e mulheres são diferentes, porém iguais. Igualmente capazes, igualmente livres para seguir o próprio rumo.

Ah! O homem brasileiro apóia a ida da mulher para o mercado de trabalho, mas apenas 6,1% dividem as tarefas domésticas com elas (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

É difícil enxergar a realidade quando os fatos não estão óbvios aos nossos olhos. Não ser mulher é muito mais grave do que parece, e muitas vezes, quando o homem acha que a mulher não está seguindo seu papel, pode acabar mal.

- ‘Desobediência’ da mulher, suspeita de infidelidade, cuidado ‘inadequado’ dos filhos e da casa, pedir dinheiro e recusar relações são os principais motivos de violência doméstica.
- Entre 30 e 50% das mulheres no mundo sofrem algum tipo de violência doméstica.
- Existem 150 mil processos de violência contra a mulher tramitando no Brasil
- 2/3 dos casos de violência contra a mulher têm como autor o próprio marido ou companheiro.
- O Disque 180 registrou, no ano passado, 260 mil queixas de violência doméstica.

Mas para além da violência doméstica, a mulher é a ponta fraca no mundo todo e principalmente no mundo subdesenvolvido, tão longe de nós. 47% da força de trabalho mundial é de mulheres, e apenas 1% dos ativos mundiais estão em nome delas. Dois terços dos 1,3 bilhões mais pobres do mundo são mulheres. Dois terços dos 1 bilhão de adultos analfabetos são mulheres. Dois terços das 130 milhões de crianças fora da escola são meninas.

Dos 42 milhões de refugiados do mundo, 80% são mulheres e crianças. Em pleno século XXI, elas ainda são mutiladas e forçadas a se casar, muitas vezes ainda crianças, quando não são vendidas para prostituição ou tratadas como mercadoria de troca. Elas são mortas impunemente pelos familiares por sujarem a honra do pai, ou são espancadas por motivos banais, como atrasar o jantar.

O feminismo de antigamente, que lutava pelo direito de voto e de trabalhar, pode ter ficado para trás. Mas isso não significa que não existam motivos para lutar por um mundo melhor para todos. E você com isso?
Dados:
Women at a glance (ONU)
The Global Fund for Women

Para ler mais:
Broken Bodies, Broken Dreams: violence against women exposed
Portal Violência Contra a Mulher

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