Pense nos mais profundos meandros das suas células. Bem no meio delas existe o núcleo e você deve se lembrar que ele contém o DNA, que codifica as proteínas que compõem os seres vivos.
O DNA opera, grosso modo, com um molde. Pense nas fôrmas de que você vai ter que usar para fazer um bolo de aniversário como o abaixo:
Você vai precisar de fôrmas de estrela, de círculos, de tiras. Esse é o DNA, um conjunto de fôrmas de aminoácidos, que vão formar o grande bolo que é uma proteína.
Uma fôrma só pode originar uma figura específica, como uma estrela; por outro lado, várias fôrmas podem construir estrelas. Esse é o nosso código genético: os códons, as fôrrmas de RNA feitas a partir de moldes do DNA, são específicos. O códon da fenilalanina só codifica esse aminoácido, mas existem outros códons que também podem codificá-la. Dessa forma, reduz-se o risco de, ao usar uma fôrma de estrela, termos um círculo e construirmos um bolo impreciso.
Até a semana passada, esse era um dos maiores dogmas da Biologia Molecular - o ramo da Biologia dedicado a estudar como funcionam os seres vivos no nível de suas moléculas. Mas uma equipe de cientistas dos EUA descobriu que existe um protozoário, o Euplotes crassus (na foto abaixo), que é capaz de usar uma mesma fôrma para codificar figuras diferentes, conforme a sua necessidade.
Os cientistas da Universidade de Nebraska descobriram que o códon que era classicamente associado ao aminoácido cisteína também codificava a selenocisteína nesse ser unicelular, em determinados genes. Seria como ter uma fôrma mutante, que se adaptaria conforme a necessidade do protozoário.
Isso pode abrir um leque imenso de possibilidades e quebrar várias crenças biológicas clássicas: a descoberta leva a uma interpretação diferente da codificação genética. Um achado desse tipo, no campo tão vasto da vida, prova que ela continua a ser um dos grandes mistérios do universo.
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