segunda-feira, 13 de abril de 2009
A ilha dos preás irmãos
Variabilidade genética é uma das grandes sacadas da vida para conseguir se perpetuar. Como Charles Darwin já dizia, adaptação é fundamental para sobrevivência da espécie e somente os mais adaptados são bem-sucedidos.
Ou seja, você, trainee gordinho, possivelmente só existe porque algum dia a sua facilidade de engordar foi muito vantajosa em um mundo escasso em comida. E você, trainee magrinho, já teria ido pro beleléu se tivesse que passar uns tempos sem comida. Da mesma forma, você, trainee daltônico, já poderia ter sido excluído quando confundiu sapo verde gostoso com sapo vermelho venenoso.
Mas... tudo na vida tem um (ou mais) mas: pesquisadores da PUC-RS fizeram uma descoberta superinteressante: em uma ilha de Santa Catarina existe uma população de 40 preás que sobrevivem lá, isolados, sem nenhuma variabilidade genética. Ou seja, os bichos são geneticamente muito parecidos e todos parentes possivelmente muito próximos.
Por ser uma ilha sem predadores e os preás terem se isolado lá há alguns milhares de anos, houve condições ideiais para eles se assemelharem tanto. Não há muita adversidade num ambiente como esse e os bichinhos ficaram parecidos ao ponto de um teste de DNA comum não ser capaz de dizer quem é quem.
A seleção natural cuidou para que somente os melhor adaptados àquelas condições sobrevivessem e afunilou tanto essas características que eles ficaram todos iguais!
Saiba mais aqui.
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8 comentários:
Será que um dia teremos 32 trainees iguais?? =0
todos daltônicos!
Então o título do post deveria ser 'a ilha dos preás irmãos gêmeos', não? Muito legal isso...
Eles não são fofos???
a evolução se dá por mutações genéticas certo? que são raras, mas que quando ou desaparecem - mutação do mal - ou fica e se prolifera nas futuras gerações - mutação do bem.
como é possível que todos eles tenham tido mutações iguais e ao mesmo tempo?? pelo visto eles não tiveram é mutções nenhuma, ou seja, todos eles são fracos que sobreviveram meio a condições tão favoráveis, assim como é exatamente a espécie humana.
(gostou da conclusão heim, eu não esperava por ela qndo tava escrevendo...)
Sim, evolução se dá por mutações.
Eles todos não tiveram mutações iguais e ao mesmo tempo. O que aconteceu é que em algum momento surgiu um genótipo perfeitamente adequado ao ambiente em que eles vivem e ele se perpetuou ao longo de muitas gerações. Como ele é "perfeito", as variações que foram surgindo depois foram tragadas pela evolução.
Mutações fracas e fortes são relativas. Ser daltônico em um mundo onde todos fossem daltônicos poderia ser uma imensa vantagem; por outro lado, ser daltônico em um mundo em que a maioria das pessoas enxerga "normalmente" é desvantajoso.
Lembra da historia das mariposas das florestas inglesas? As claras eram predominantes antes da Revolução Industrial porque as cascas de árvore eram claras e elas se camuflavam bem; quando as cascas escureceram por causa da poluição industrial, elas passaram a ser mais vulneráveis e menos abundantes.
Ou seja, esses bichinhos têm a combinação ideal para viverem nessa ilha. Possivelmente - provavelmente, eu arrisco dizer - essa combinação seria desastrosa em uma mata, por exemplo. Eles são muito fortes lá, caso contrário não teriam sobrevivido.
acho difícil conceber a idéia do surgimento de um ser perfeito, que não sofreu altaração nenhuma. probabilisticamente não é possível! independente das condições do meio, as mutações ocorrem, umas para o bem outras pro mal, as do bem vingam e continuam a se passar e etc etc... sei lá... eu truco essa!
O genótipo que existe nessa ilha é resultado de muitas mutações. As mutações continuam a existir durante todo o tempo e continuam a ser excluídas, já que o mais adaptado é o que já existe.
Ao longo de milhares de anos, as mutações do mal foram sendo excluídas e as do bem foram se perpetuando até agora, um ponto em que o conjunto que vive lá é o melhor adaptado àquele ambiente.
Isso pode levar a um problema: a vida desses bichinhos nessa ilha é muito frágil. Qualquer variação no ambiente pode ser desastrosa a todos eles simultaneamente. A reportagem cita isso, inclusive.
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